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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O futebol nos cabos do WikiLeaks

O pé-frio Ahmadinejad e o que mais se falou sobre bola nos documentos americanos vazados

Miguel Caballero

No mundo da diplomacia, o esporte costuma ser vir como amenidade universal para  descontrair a conversa
em encontros protocolares de chefes de estado.
Mas também é tratado como assunto sério em ofícios até outro dia sigilosos. Seja apenas um esporte popular ou um instrumento de controle político, o futebol esteve no centro da preocupação dos Estados Unidos com o fortalecimento de governos não aliados em diferentes continentes.
Dos milhares de relatos de diplomatas americanos ao governo dos EUA capturados pelo grupo WikiLeaks, pelo menos cinco dentre os já revelados tratam diretamente do futebol, seja como forma de exploração
político-eleitoral, ou como indicador de crises que os governos tentam camuflar.
Levantamento do GLOBO identificou relatos de representantes americanos em quatro países, todos da periferia do mundo da bola, mas alguns com importância estratégica para a política externa americana:
Irã, Jordânia, Angola e Mianmar.
Considerado o inimigo número 1 dos Estados Unidos na geopolítica atual, o Irã é um dos principais alvos de interesse da política externa de Barack Obama, e, dentre os muitos documentos vazados sobre o presidente Mahmoud Ahmadinejad, um deles trata especificamente de sua relação com o futebol, com revelações curiosas, até engraçadas, e preocupações mais sérias.

Ahmadinejad apoia mulheres
Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é hoje o único líder importante do Ocidente a manter boa relação diplomática com o Irã — o que já lhe custou críticas por uma suposta amizade pessoal com o dirigente iraniano —, há uma coincidência que os aproxima ainda mais: assim como já faz parte do anedotário sobre o presidente brasileiro, Ahmadinejad também convive com a fama de tremendo pé-frio no esporte.
O rótulo consolidou-se, conforme conta em email para Washington o representante americano Timothy Richardson, numa partida entre a seleção iraniana e a Arábia Saudita, em março de 2009, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. O Irã vencia, mas sofreu o empate nos minutos finais, justamente quando Ahmadinejad acabara de adentrar o estádio.
No documento de 9 de junho de 2009, o diplomata descreve que “este evento, somado a uma inesperada derrota da seleção de luta olímpica (esporte muito popular no Irã) no início do ano, desencadeou uma tempestade de mensagens de SMS e piadas na internet culpando o presidente pelas derrotas”.
A gozação ao presidente é a parte frívola de um documento que manifesta preocupação com a aproximação entre o presidente iraniano e o time nacional de futebol. Na visão americana,Ahmadinejad tem buscado, há mais de dez anos, associar sua imagem ao desenvolvimento da seleção iraniana. O presidente é visto como um líder que “tirou grande lucro político” do esporte. O diplomata descreve que Ahmadinejad costuma aparecer na imprensa com jogadores, em visitas a treinos da seleção antes de competições importantes.
E uma observação surpreendente dimensiona a aproximação do presidente iraniano com o futebol: em 2006, Ahmadinejad, descrito como “um político conservador”, chegou a defender o futebol feminino no país, o que foi vetado pelo líder islâmico Khamenei, “numa rara e significativa discordância pública entre os dois”, diz o relato do diplomata.
O texto lembra ainda do fracassado lobby de políticos europeus pela exclusão do Irã da Copa de 2006, e da vitória iraniana sobre os Estados Unidos na Copa de 1998, um grande acontecimento para o país explorado politicamente, segundo o americano.
O diplomata Richardson escreveu aos Estados Unidos em 9 de junho do ano passado, véspera da partida entre Irã e Emirados Árabes Unidos pelas eliminatórias da Copa 2010. No dia 12, haveria eleições presidenciais. Richardson faz relato sobre o clima em Teerã após inflamados debates entre quatro candidatos à presidência, e disserta sobre uma preocupação do governo iraniano em relação à partida: uma derrota “para os Emirados Árabes, um rival político e econômico do Irã no Estreito de Ormuz, seria profundamente
embaraçosa para o orgulho nacional iraniano e poderia causar danos à imagem de Ahmadinejad junto ao eleitorado”.
Numa descrição técnica sobre futebol incomum para um americano, Richardson lembra que os Emirados Árabes eram considerados a pior seleção do grupo, mas que o último encontro entre as duas seleções havia terminado empatado.
No dia 10, o Irã venceu por 1 a 0, o que evitou um clima de frustração no país às vésperas das eleições vencidas por Ahmadinejad em 12 de junho.

Ditadura se apoia na bola
Ainda na Ásia, os documentos do WikiLeaks trazem o que é considerado pelos americanos um exemplo claro da política de oferecer diversão para amansar o povo. País fronteiriço à China e à Índia, Mianmar
(antiga Birmânia) vive sob ditadura militar. Só em 2009 foi criada uma liga de futebol no país, que por enquanto reúne apenas oito equipes.
No ofício encaminhado em 19 de junho de 2010 por Samantha Carl aos chefes da diplomacia americana, a criação do campeonato é vista comdesconfiança. “Não está claro se há qualquer motivação política
por trás da MNL (sigla para a Liga Nacional de Mianmar), embora muitos empresários
birmaneses especulem que o regime está usando isso como uma maneira de distrair a população dos problemas políticos e econômicos”. Em seguida, o texto comenta o sucesso popular da Liga no país e diz que a MNL provou que pode ser “alguma coisa para os birmaneses conversarem sem ameaçar o regime”.

Em Angola, dinheiro chinês
Num documento de 26 de fevereiro de 2010 pela embaixada americana em Angola, o futebol aparece como uma evidência dos investimentos da China no país africano, o que desperta a atenção dos Estados
Unidos. O texto assinado por três representantes do governo de Barack Obama na África do Sul lembra que Angola foi devastada pela guerra civil e conta que os chineses estão “profundamente engajados no financiamento da reconstrução do país”. Além de citar linhas de crédito abertas pelos chineses de até US$ 6 bilhões, o documento revela que quatro estádios usados na Copa Africana de Nações de 2010, disputada em janeiro em Angola, foram financiados pelos chineses — na capital Luanda e nas cidades de Benguela, Lubango e Cabinda. ■

Retirado do http://sergyovitro.blogspot.com/2010/12/o-futebol-nos-cabos-do-wikileaks.html

1 comentário:

- disse...

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