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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O G4 cresce e planeja Mini Copa nos Estados Unidos

O G4 é a união dos grandes clubes paulistas (por enquanto) – Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo – e foi criado para aproveitar e explorar o potencial mercadológico conjunto desses clubes. Juntos, eles representam quase um terço dos torcedores brasileiros, com fortíssima concentração no Sudeste, principalmente São Paulo, e presença forte também no Paraná, entre outros estados.

O G4 tem razão social própria, é uma empresa criada pelos clubes, administrada pelos 4 presidentes e contando com 4 gestores na área executiva:  Luis Paulo Rosemberg pelo Corinthians, Adalberto Baptista pelo São Paulo, Rogério Dezembro pelo Palmeiras e José Carlos Peres pelo Santos, que foi escolhido pelos demais como coordenador do grupo e fica à frente do G4 no dia-a-dia executivo. Os demais gestores têm responsabilidade sobre algumas áreas específicas: Adalberto Batista cuida de patrocínios e licenciamentos, Rosemberg trata de projetos especiais e Rogério Dezembro é responsável por jurídico e comunicação.


Ontem tive o prazer de ter uma nova e boa conversa com o José Carlos Peres, com quem falava anteriormente a respeito do Santos, de quem era o representante na sede paulistana. Agora ele se dedica integralmente ao G4 e trabalho é o que não falta, a começar pela mudança para uma sede própria do G4, onde os presidentes dos clubes poderão se reunir, assim como os gestores.

O primeiro grande resultado do grupo, já conhecido de todos, foi o acordo feito com a FEMSA, já bem conhecido e que rendeu, de imediato, dois e meio milhões de reais para cada clube. Outros acordos estão sendo discutidos com um banco e uma operadora de telefonia celular e não devem demorar para chegar à assinatura de contrato.

Outras coisas, porém, chamaram minha atenção desde que o G4 foi criado, como, por exemplo, o interesse do Flamengo em participar do grupo.

Sobre isso, José Carlos disse que o estatuto do G4 tem como premissa a participação dos quatro grandes paulistas, mas já prevendo uma futura expansão, o estatuto admite até sete participantes. Ou seja, o grupo poderá receber três novos membros sem a necessidade de mudança, podendo vir a ser, futuramente, o G7.

Logo no início do G4, Marcio Braga entrou em contato e quis informar-se melhor. Ele pensava em participar do grupo paulista, pois achava muito difícil que algo nessa linha viesse a dar certo no Rio de Janeiro. E, de fato, até o momento o grupo carioca está ainda na fase de projeto, sem sair do papel. Naquele momento, porém, era importante para os clubes primeiro consolidarem o grupo, antes de pensar em sua ampliação. 

Presidentes de outros clubes procuraram os dirigentes paulistas, além de Marcio Braga, e pediram explicações sobre o funcionamento do grupo, entre eles o Cruzeiro, Internacional e Atlético Paranaense.
Por sinal, diz JCP, esse interesse não é somente de outros clubes brasileiros, tanto que ele e Luiz Paulo Rosenberg foram convidados a fazer uma palestra em Buenos Aires, pelo Boca e pelo River Plate, que têm interesse na criação de um grupo semelhante unindo os seis maiores clubes argentinos, o G6 platino.

Tudo isso lembrou-me do extinto G14 europeu, cuja ação despertou a ira da burocracia da UEFA. Platini fez que fez e costurou a criação da ECA, já de cara com mais de cem clubes – dividir para reinar, a velha receita do poder continua válida. Por isso, perguntei se esse crescimento, chegando a um G7, não iria incomodar as federações e a CBF? José Carlos acredita que não, pois o grupo não tem e não pretende ter ação política. 

Sua razão de ser é a força mercadológica dos 4 clubes de hoje e o trabalho é todo em termos de aproveitá-la ao máximo, conseguindo recursos para eles. Essa atuação, inclusive, diz Peres, não se choca com a atuação do Clube dos 13, embora o G4 vá discutir tudo que diga relação a seus membros, como direitos de TV, placas de publicidade e outros temas de forma conjunta.

“Nosso objetivo é apenas e tão somente a parte mercadológica. Quem faz o espetáculo, quem tem as despesas, são os clubes, que precisam contratar e manter bons jogadores. Quem promove e organiza é a federação” – enfatizou o coordenador-geral do G4. “Não temos interesse em organizar, criar liga, nada disso; a parte deles (federações e confederação) é deles, nós só queremos trabalhar o valor dos clubes, de suas marcas, transformar tudo isso em receitas.”

No que diz respeito à negociação com as TVs, tão logo termine essa edição do Paulista o G4começará a conversar com a Federação, clubes do interior e as emissoras, com vistas ao campeonato de 2011. Essa atuação, disse-me José Carlos, será benéfica não só para os integrantes do G4, mas também para os demais clubes participantes do campeonato e a própria FPF, na medida em que o propósito é melhorar a receita de todos: “Nós queremos mais do nosso lado, mas sem esquecer dos outros clubes, dos clubes menores, pois sem eles não existe campeonato” – conclui a respeito JCP.


Nessa altura, como não poderia deixar de ser, falamos do calendário do nosso futebol. Os dirigentes paulistas, disse-me José Carlos, têm bem claro um ponto que este Olhar Crônico Esportivo vem apontando há muito tempo: para se internacionalizarem, nossos clubes precisam jogar lá fora. Fazer pré-temporada na China, nos Estados Unidos, na Europa, mostrar suas cores, mostrar suas marcas. Essa será uma disputa árdua, mesmo com o G4 não querendo muito: um período com vinte dias ou pouco mais já será suficiente para os clubes. Assim mesmo será difícil adequar aos estaduais, o que implicará em mudanças e menor número de datas. Na sua visão, ele considera que a CBF tem uma posição favorável à adequação do calendário, ao passo que as federações são contrárias, preocupadas com seus torneios e a possível (e necessária, adianta este OCE) redução de datas para suas realizações (o que, ao fim e ao cabo, implica em perda de poder, na visão deste blogueiro; e ninguém aceita perder poder, sem mais, nem menos).

A China, repete José Carlos, está nos planos dos clubes e do G4. Todos consideram fundamental entrar no mercado chinês, levar os clubes para jogar e produtos para vender. E tem que ser logo, não pode deixar o tempo passar, pois a fila anda.

O obstáculo, relembra a todos este OCE, reside nos estaduais e na quantidade de datas para eles. E enquanto isso, o tempo vai passando e a fila andando.


Mini Copa nos Estados Unidos e Torneio Internacional de Verão em São Paulo

Concluindo a conversa sobre a necessidade dos clubes jogarem fora do Brasil, o José Carlos disse, em primeira mão para os leitores deste Olhar Crônico Esportivo, que o G4 está trabalhando na organização de um torneio internacional a ser realizado durante a Copa do Mundo.

O projeto, em fase de negociações e captação de recursos e patrocinadores, implica em levar os quatro clubes para a disputa de um torneio nos Estados Unidos e Canadá, ou Europa ou mesmo na Ásia. De todas as possibilidades, a que está mais em vista é jogar nos Estados Unidos, com a participação de dois clubes argentinos, dois mexicanos e dois da MLS – Major League Soccer –, a liga americana. Nesse caso, inclusive, não está descartada a participação de dois times europeus, o que daria ao torneio uma cara e o nome que de imediato vem à mente: Mini Copa.

José Carlos lembrou de um torneio com características parecidas, realizado em Nova York logo depois da Copa de 66, com a presença do Santos. Um sucesso, segundo ele. (Na minha visão, hoje, com a TV e internet, um torneio como esse já nasceria vitorioso e marcaria em grande estilo a reentrada de nossos clubes no circuito internacional; porém, sem datas, tomadas todas pelos estaduais, seria difícil reeditá-lo, já que Copa do Mundo só de quatro em quatro anos.)

Nos planos do G4, já para 2011, está a realização de um torneio internacional de verão, com jogos no Pacaembu e Morumbi. Para isso, disse o coordenador do grupo, será necessário um mínimo de datas, algo a ser negociado.


Não será fácil, e o José Carlos, bom conhecedor dos bastidores de nosso futebol, sabe bem disso, mas trabalha, ao lado dos outros gestores e dos presidentes, para tornar esses projetos realidade.

O G4 já mostrou a que veio logo no seu início. Muitos outros negócios virão, diz José Carlos Peres, que acredita na força conjunta dos clubes, já sonhando com o G7, ainda mais forte. Para o bem do futebol brasileiro, diz ele. E eu, humildemente, assino embaixo e fico na torcida.

Por Emerson Gonçalves
http://colunas.globoesporte.com/olharcronicoesportivo/

2 comentários:

Rosi disse...

André

Vim agradecer pelas palavras sobre o post de ontem. Tenho a felicidade de encontrar na blogosfera gente sensível e verdadeira, que se preocupa com as dores alheias mesmo sem conhecer quem está do outro lado do computador. Já vc é alguém que conheço pessoalmente e tenho a certeza do seu caráter e gentileza.
Obrigada de coração.
Mil beijos

Rosi disse...

Ah, outra coisa:
Nesta semana publicarei lá no Mundinho a entrevista com a nossa amiga Érika, mas preciso fechar o ciclo de alguns amigos, portanto, só falta vc.
Queria muito ter sua presença lá no blog. O que acha?
Temos tempo para decidir no tema. Vamos nos falando.
Bj, bj